FONTE: Viviane Gomes - Da Agência Imprensa Oficial. Diário Oficial do dia 02/02/2012.
Pesquisa realizada no Hospital Dante Pazzanese SP, referência em cardiologia, descobriu que - “a maioria dos pacientes cardíacos desconhece os tipos de gorduras que fazem bem à saúde”, sendo que a situação é semelhante em vários países. O estudo, feito com 600 pacientes em tratamento na instituição, também revela que 67% destes não lêem os rótulos dos alimentos.
Entre os tipos de gorduras que fazem mal à saúde, a trans e a saturada são as mais conhecidas, sendo consideradas ruins por 81,5% dos entrevistados. Já entre os tipos que fazem bem, 55% dos participantes do estudo desconsideraram a gordura insaturada que, ao contrário, é indicada à boa saúde do coração.
Outro equívoco muito comum é em relação aos alimentos fontes de gordura. Assim como a bolacha recheada e a manteiga, que foi apontada corretamente pela maioria dos entrevistados como alimentos menos saudáveis, a maionese também foi avaliada como alimento rico em colesterol e gorduras ruins, o que não é verdade. "A maionese tem perfil nutricional bom porque é fonte de gorduras poliinsaturadas, não contém gordura trans e oferece baixo teor de colesterol", explica o Dr. Daniel Magnoni, médico da Divisão de Nutrição Clínica do Dante Pazzanese e coordenador da pesquisa.
Contradições: Além da maionese, outro alimento apontado erroneamente por 65,5% dos participantes do estudo como fonte de colesterol, e por 60% dos entrevistados como com excesso de gordura ruim foi o “ketchup”, sendo que este é produzido a partir de tomates, portanto não tem gorduras.
- "Com essa pesquisa, foi possível perceber que a maioria dos pacientes que precisam de uma alimentação adequada porque tratam problemas de saúde, como pressão alta, diabetes, obesidade e colesterol elevado, não sabem quais são os tipos de gorduras mais saudáveis nem os alimentos que têm perfil nutricional mais adequado para seu tratamento. Com isso, percebemos algumas contradições no cruzamento dos dados e verificamos pontos importantes que precisam ser reforçados junto à população", ressalta Magnoni.
- "O desconhecimento dos alimentos que fazem mal à saúde, incluindo o sal, também é uma realidade entre os pacientes tratados no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) (FMUSP). Ao participar de congressos, percebo que até mesmo médicos não sabem qual é a alimentação adequada", lamenta o cardiologista da instituição Heno Lopes. Ele diz que a má alimentação e o sedentarismo são problemas sérios que atingem o Brasil, outros países em desenvolvimento e até mesmo os países desenvolvidos.
Fatores de risco - O Dr. Heno Lopes informa que atualmente o Incor atende 3 mil pacientes hipertensos (hipertensão é fator de risco para doenças cardiovasculares). Entre eles, 76% apresentam sobrepeso ou obesidade ou índice de massa corpórea (IMC) acima de 25 (ideal é de 18,5 a 24,9). O Dr. Lopes ainda afirma que muitos têm histórico de diabetes e colesterol elevado. Ele diz que, hoje, cerca de 5% das crianças brasileiras acima de cinco anos são obesas: "A mãe acha bonito filho gordinho, estimula maus hábitos alimentares e a situação vai piorando, o que resulta em alterações de colesterol e de triglicérides".
- Afinal, quais são as gorduras?
- Gordura saturada: placa de gordura, sólida em temperatura ambiente, que gera colesterol ruim e problemas cardiovasculares. Encontrada em: churrasco com carnes gordurosas, na pele de frango, toucinho, camada externa da carne bovina (como costelinha). A porção interna da carne de porco (lombo) é saudável. A crosta branca que se forma após o resfriamento dos alimentos cárneos cozidos é placa de gordura, que provoca arterioesclerose (depósito de gordura na parede das artérias, que deixa de irrigar sangue aos tecidos) e causa doenças cardiovasculares.
- Gordura trans: É uma gordura geralmente presente em alimentos industrializados, muito saborosa, que conserva os alimentos e lhes confere consistência macia. É encontrada nos produtos como pão, bolo, biscoito. A gordura trans também favorece o aparecimento das doenças cardiovasculares.
- Gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas: São consideradas "gorduras do bem", pois beneficiam a saúde e o coração. Entre as poliinsaturadas, destaque para o óleo de bacalhau e de peixes de água fria como sardinha, salmão e bacalhau. Exemplos de monoinsaturadas: azeite, a do abacate e também das sementes ou frutos oleaginosos como as castanhas.
Na opinião do Dr. Heno Lopes, que também é professor de Cardiologia do Hospital das Clínicas, falta informação. O médico ainda explica que a manifestação das doenças cardiovasculares depende de uma série de fatores, como hereditariedade, sobrepeso, obesidade, hipertensão, sedentarismo, tabagismo e colesterol alto. Se houver predisposição genética e ausência de cuidado com os fatores de risco, os problemas se manifestam antes dos 55 anos no homem e antes dos 65 anos na mulher. "Existem os fatores de risco modificáveis (entre eles, peso e hábitos de alimentação inadequados) e os não modificáveis (como hereditariedade e idade)", frisa o médico. Quem quiser modificar os maus hábitos pode procurar mais informações sobre alimentação saudável nas páginas da internet nos sites de nutrição, das sociedades brasileiras de cardiologia e de hipertensão.
Mais informações no site da Sociedade Brasileira de Cardiologia
Algumas gorduras produzem sensação de saciedade quando ingeridas, como a gordura do Coco, porém somadas às outras gorduras e óleos presentes em sua alimentação, podem estourar a conta das suas necessidades calóricas diárias e assim passam a fazer mal. O melhor mesmo é consultar uma nutricionista que irá incluir de forma equilibrada em sua alimentação estas gorduras saudáveis.
As castanhas, nozes, amêndoas, avelãs e pistache são “sementes oleaginosas” que também fazem bem à saúde e são considerados alimentos funcionais. Geralmente são lembradas para serem consumidas nas ceias de Natal ou como petiscos, mas servem também como ingrediente para diversas preparações culinárias.
São chamadas de frutas e sementes oleaginosas devido à grande quantidade de óleo que contém. Geralmente estão fora da sua alimentação diária por causa das calorias, mas elas podem ajudar na prevenção e no tratamento de doenças cardiovasculares e também emagrecimento. Apesar de terem muita caloria, possuem diversos nutrientes que fazem muito bem ao organismo.
Atenção para não consumir todos os tipos de sementes e porções destas em um só dia, o melhor é consumir um tipo de oleaginosa a cada dia e ainda com cuidado de verificar porção diária recomendada. A melhor refeição é no almoço ou lanche da tarde.
- Castanha-do-pará: É rica em magnésio, selênio, que são antioxidantes e contêm ômega 3. Previnem diabetes, Mal de Alzheimer, doenças cardíacas e melhoram a função cardiovascular porque ajuda a equilibrar os níveis de colesterol. Consumo diário: recomenda-se de 2 a 3 unidades.
- Castanha de caju: Conta com vitamina “E” e gorduras insaturadas que reduzem o colesterol ruim (LDL) e mantém os níveis do colesterol bom (HDL). Fonte de zinco e proteínas também. Potencializa a produção de glóbulos brancos. Consumo diário: recomenda-se 3 unidades.
- Amêndoas: Possui poucas calorias quando comparada às outras sementes oleaginosas. É uma boa fonte de proteína e tem alta concentração de potássio, de cálcio, fibras, vitamina “E” e gordura monoinsaturada. Consumo diário: Recomenda-se de 10 a 12 unidades.
- Avelãs: É uma excelente fonte de cálcio que é eficiente na prevenção da osteoporose. Com alta concentração de gordura monoinsaturada, ajuda a reduzir doenças cardíacas. Consumo diário: Recomenda-se até 10 unidades, pois elas são pequenas.
- Nozes: Possui especial quantidade de vitamina “E”. Com alto teor de zinco, magnésio e potássio, conta também com vitaminas do complexo B. Reduz a vontade de comer doce, previne também diversos tipos de câncer, alem de controlar a pressão arterial. Consumo diário: Recomenda-se até 5 unidades.